RESENHA: ESTAÇÃO ONZE - INTRÍNSECA

domingo, setembro 20, 2015

Imagine você fazendo o que sempre faz no dia a dia, com a maior tranquilidade e do jeito mais automático, sempre as mesmas coisas, devido aos vários fatores que ainda permanecem sólidos, como saúde, tecnologia, educação, transporte, enfim.

Agora vamos imaginar a queda destes fatores, as suas atividades monótonas vão sendo deixadas de lado, como se não pudesse mais usar delas, mas tudo isso acontecendo rapidamente para perceber de imediato essas quedas. E ver que algo grande está acontecendo.

Um mundo novo, sem energia, não há mais smartphones, tablets, tevês, internet. Aviões ficam no chão e não voa mais no céu, carros permanecem parados e não andam mais pelas estradas. Tudo já não funciona mais como antes. Tudo parou, tudo está diferente.

O que você faria? Essas coisas iriam te impedir de viver? Como será a visão que você tem agora da sua vida?

Pois então, todos começam a perceber que viviam em um mundo que não era realmente explorado, eles faziam mais parte de tudo que perderam do que do mundo em si, pois o mundo como sempre foi, ainda permanece.

E para viver neste novo mundo, muitos que estão firmes e conseguindo levar a vida, se consideram sobreviventes, pessoas que passam por coisas que não passavam antes, tentando de todas as formas esquecer o que passara e tentar viver o que se passa, sem muita ajuda. (embolei todo nesse passa, passara, passam :p )


"Não é um romance sobre crise e sobrevivência. É sobre arte, família, memória, comunidade e sobre a coragem necessária para enxergar o mundo com olhos esperançosos."
 Entertainment Weekly

“Um livro que se destaca de todos os outros; do qual me lembrarei por muito tempo e ao qual retornarei.”
– George R. R. Martin



TÍTULO: Estação Onze
TÍTULO ORIGINAL: Station Eleven
AUTORA: Emily St. John Mandel
EDITORA: Intrínseca
PÁGINAS: 320


Agora que vocês já sabem um pouco deste mundo novo que a autora nos apresenta em seu livro, o qual foi publicado no ano de 2014 e foi finalista do National Book Award, do PEN/Faulkner Award, do Baileys Women’s Prize ganhador do premio Arthur C. Clarke Award em 2015, pode ter gerado um pouco de curiosidade do que se passa com os personagens deste livro.

Então o interessante do livro é essa grande mudança, a queda de fatores do mundo o qual foi criado em cima de outro já existente. Podemos perceber que os animais nem tiveram tanto sofrimento com isso, pois não usavam da tecnologia, ou dos carros, ou dos hospitais, ou qualquer coisa que pudessem se acostumar e serem modelados naquelas fontes de suprimento das suas necessidades.

O que se passa na vida de qualquer um que ainda vive é de forma diferente daquele outro de outra cidade ou até mesmo que vive próximo. Muitos enlouqueceram, muitos viveram mais neste novo mundo percebendo o quão lindo ele é, quão natural, quão saudável e que sempre esteve ali presente.

Esperamos então todo tipo de reações e modos de pensar. Alguns adotaram razões para explicar o motivo de ser “salvo” do vírus, pela religião, e outros por fatos.


O livro tem uma introdução excelente, começando com o Jeevan, um socorrista, já foi fotógrafo paparazzi e jornalista, mas ainda confuso sobre o que ser na vida, não percebe que em pouco tempo não terá mais escolhas para se definir como algo, se preencher em alguma especialidade. Não percebe até o dia 1, que precisará futuramente ter apenas uma única especialidade, ser humano.

Nas primeiras páginas, vemos que Jeevan se encontra em uma peça de teatro e talvez no dia 1 do caos, onde tudo começou.
O caos foi chamado por Gripe da Geórgia. Um vírus que se transmite fácil e é forte em seu efeito. Aquele que começa a sentir os sintomas, em poucos dias, 1 ou 2 dias já morre. Notícias foram passadas em tv's, na internet e em todo lugar, que essa gripe surgira com alguns passageiros que decolava numa cidade, e que no aeroporto se espalhou, as pessoas sentiam os sintomas da gripe a qual era rápida e dolorosa, e iam para os hospitais, onde o vírus espalhou mais ainda, e toda essa "chama" se intensificou por todo o mundo.

Jeevan nos mostra as descrenças das pessoas, aquelas que acham que essas notícias são coisas de pouca preocupação, e que vírus igual a esse só existe em filmes. Ele tem seus problemas de ser muito preocupado com situações extremas e vai atrás de supermercados fazer o estoque de sobrevivência. Achei muito engraçado essa parte, onde o Jeevan se mostra sozinho nessa zona que criara como se fosse o apocalipse. Mas depois vi que a coisa é realmente séria, quando algumas partes da historia no decorrer da leitura vai se passando para outros personagens em anos diferentes.

De Jeevan, a história parte para Kirsten, que vive no ano 20, vinte anos após o primeiro dia que a gripe surgiu. Ela faz parte de um grupo chamado Sinfonia Itinerante, uma trupe de artistas composto por atores e atrizes que apresentam teatros, e, por alguns músicos que apresentam números musicais como uma orquestra.


Sobreviver não é suficiente.

A Sinfonia viaja sempre, parando nas cidades apenas para se apresentar, ver como as pessoas estão vivendo, e vão embora. Sempre nas estradas, enfrentando riscos.

Kirsten, atriz desde pequena, fazendo peças de teatro e sempre viajando, ela nos mostra como é sobreviver nesse mundo, e também, revela que não tem quase nenhuma lembrança da vida antiga, o que transformara ela em um tipo de pessoa com uma visão diferente, com menos pesares das perdas, iguais aos mais velhos que ainda sofrem, sentindo falta do passado.
Então sua narração permanece apenas nos dias após a gripe, dentro dos diferentes lugares onde tem ou não, sobreviventes.

Uma confusão se deu quando um garoto crescera neste mundo vasto e novo, com uma bíblia na mão. Sua fonte de conhecimento sobre a gripe não é sanada por fatos. Não sobreviveu ninguém para dizer de onde surgiu, como prevenir, e o que é este vírus. Este garoto interpretara essa calamidade como alguns acontecimentos da bíblia, dizia que ele e os que sobreviveram eram a luz, anjos na terra. Ficou problemático coitado, e os outros problemáticos o seguiram.
É chamado por "Pastor" e não era conhecido por outro nome. Ele será um dos grandes problemas, além dos quais algumas comunidades vivem, no dia a dia para sobreviver. (essas pequenas comunidades são por onde a trupe da Sinfonia passa)

Muitas pessoas estão "presas" em seus lugares, às vezes até mesmo desde os primeiros dias após o início do ataque da gripe. O medo é tão grande de sair para o desconhecido, que ali eles ficam, caçam por ali perto, procuram água por regiões próximas, enfim, procuram viver onde já conhecem.
Este medo é devido aos momentos que tiveram de procurar ajuda, ou ver o que tem mais à frente, se tem mais alguém vivo em algum lugar, ou procurar algo que necessita no momento. Muitos iam, e não voltavam. E se voltavam, tinha a possibilidade de trazer a gripe para todos os que sobreviveram. E mais, lembram do Pastor e seus seguidores que eu havia falado? Pois então, eles são grande parte do motivo das pessoas sentirem medo, de não querer ser vistos e preferirem ficar no seu lugar onde agora chamam de "lar", tudo para evitar problemas com essa gente e outras coisas.

Arthur mesmo tendo sua morte no inicio do livro, atuando no palco pela última vez, tem sua história para contar, a qual nos mostra a vida de uma pessoa transformada pela fama e sua riqueza, suas vidas amorosas e suas decepções. Arthur narra desde o início de seu sonho - poder atuar em grandes filmes - até seus últimos dias.
A história é contada rapidamente, em poucas páginas já podemos ver ele em seu início de carreira como ator, depois se casando pela primeira vez com uma jovem chamada Miranda, suas traições, seu outro casamento, e assim por diante, a vida de um homem que não era nada, virou tudo, e depois ao terminar sobrou apenas pó de um ser fracassado como muitos outros.

Miranda também permanece para contar sua história, e foi a que mais achei interessante e mais me apeguei. Ela desenha uma série de hq chamada Estação Onze, sempre desenhando em seus momentos vagos, ela tem esse hobbie que mantem apenas para si mesma, um trabalho um tanto discreto. Em suas batalhas com o namorado, sustentando ele em sua casa, ela passa a conhecer mais o Arthur, seu futuro esposo, um cara bonito, famoso e muito rico. Ao se casar com ele, rapidamente é mostrado seus piores momentos como esposa de Arthur, onde está próximo o divórcio. Seus momentos de ser firme, mesmo com a mídia a perseguindo e ela voltando para seu antigo emprego, desenhando suas hq's e enfrentando algumas coisinhas simples da vida, aquela vida monótona, mas que ela realmente gosta de viver.


Clark, amigo de Arthur, mostra as partes mais especiais que a autora reservou para os leitores, onde se debate sobre a vida em que vive, como robôs, necessitados de máquinas, de confortos, de empregos que recebem alta quantia de dinheiro mesmo não gostando do que faz. Ela mostra nos diálogos e pensamentos de Clark uma filosofia sobre a vida atual, e principalmente sobre as pessoas serem forçadas a tomar uma decisão das poucas opções que tem na vida, tomar uma atitude, fazer alguma coisa para sobreviver, fazendo até mesmo o que não quer.
Ela reflete sobre a arte, música, fama, boas relações, coisas um pouco escassas na vida das pessoas. Ficou parecendo como se ela estivesse querendo mostrar que nós humanos devemos ser presos àquilo que amamos fazer, refletindo tudo isso porque às vezes não são vistas com bons olhos, mas que foram de grande ajuda para todos nesse "fim do mundo".

O livro tem estes e alguns outros personagens que narram seus momentos afetados pela gripe, pela fama, pelas relações turbulentas, pela sobrevivência, e pelo medo. O livro não se trata de uma história composta por heróis ou vilões. Nem de casais românticos ou de pessoas assassinas causando terror.
O livro se trata de o que surge, através de humanos, seres que sempre viveram nesse mundo chamado planeta terra, ao serem forçados a viver sem o que acham necessário para viver. Percebemos ao decorrer do livro, quão apegados as pessoas são no conforto de viver em maneiras mais fáceis, sempre tendo o que precisa ao redor. Como disse antes, estas antigas maneiras, transformara as pessoas, deixando como seres que são estranhos ao mundo em que vivem, pois estavam vivendo mais no mundo que criaram, para mais conforto, mais facilidade, mais segurança, para uma vida um tanto artificial. Era preciso pilares enormes para viver no mundo em que viviam, e estes quando caíram, todos foram junto. Sem saber viver na vida "bruta" e "original", no próprio berço, própria terra onde deveria viver, grandes obstáculos e desafios aparecem para todos que sobreviveram e sobrevivem a cada dia.

Uma coisa interessante da autora que fiquei levemente admirado, foi ela criar um tema que parece poder ser tão extenso, complexo, um tema em que outros autores poderiam esticar mais. E ela mesma não esticou, não explorou, nada disso, ela apenas apresentou tudo que foi criado em passagens razoáveis que podem deixar algumas perguntas sem respostas mas que não sejam de grande importância pois ela faz com que pudêssemos esquecer, e viver como os personagens, perdidos, sem saber se foi todo o mundo que ficou infectado, de onde realmente surgiu esse vírus, se tem mais gente viva ou se são os únicos sobreviventes. Essas dúvidas somem com o tempo, por que não tem jeito de saber, assim como na vida real. Acho que se ela tivesse ido mais afundo no mundo criado, poderia estragar tudo ou talvez melhorar um pouco. Mas uma coisa que já está boa, melhor nem mexer mais, não é?

O que me fez pensar no quão complexa a história poderia ser, foi quando estava chegando no final do livro, faltava poucas páginas e algumas coisas não haviam acontecido. Me levou a pensar se ela deixaria de lado ou escreveria outro livro. E quando terminei, vi que ela terminou o espetáculo sem nenhuma "gula", sem nenhum desejo de abusar esticando mais a história como outros autores fazem, terminou tudo com doses certas e precisas.

Aqueles que gostam de cenários pós-apocalípticos, como nas leituras de "The Walking Dead" e "Eu Sou a Lenda", vai gostar deste livro, mesmo não tendo zumbis ou ET's ou o que for. Ela foi firme em deixar a história mais humana possível, e algumas coisas não foram realmente explicadas e tal, gente morre, gente vive, gente acha que sabe de tudo, gente não importa, gente sobrevive sofrendo, gente sobrevive amando cada dia. Ela foi muito realista e a única coisa fictícia foi esse vírus que talvez exterminou 99,9% da população mundial.

Recomendo fortemente este livro, assim como outros grandes autores e aqueles que já o leram. Tem uma certa dose de vício nas suas páginas, mesmo sendo uma história simples de poucas páginas, e, sem zumbis.

Primeiro livro que n vi NENHUM ponto negativo! É tudo de bom!

As NOTAS serão divididas em:
Edição – capa, folhas, diagramação, orelhas, etc.  10
(Que capa é essa? Que material novo é esse? Muito bom de segurar, além de não manchar a capa e escorregar das mãos, esse tipo de material realçou também as cores da arte da capa. Tem orelhas, folhas amarelas (não tão amarelas), uma ótima edição)
História, Enredo – narração, clichês, foco, originalidade.  10
(Originalidade impecável, tudo novo, tudo lindo de um jeito muito bem elaborado. Narração simples e viciante. Em todo o momento queria saber o que iria acontecer no decorrer da leitura e não tive vontade alguma de largar a leitura, apenas de ler e viver mais junto com aqueles personagens.)

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1 comentários

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